segunda-feira, 3 de setembro de 2018

Museu Nacional - o fogo que queima a história- Uma perca a nossa história e a um grande atrativo turístico.

Destruição de museu era 'tragédia anunciada', dizem pesquisadores

Dirigentes e cientistas reclamam de falta de recursos para preservar patrimônio nacional


O incêndio no Museu Nacional revela a falta de cuidado do poder público com o acervo histórico e científico do País e foi classificado como um desastre anunciado por pesquisadores e dirigentes de instituições ouvidos pelo Estado neste domingo, 2. “A dúvida não era se algo assim poderia acontecer, mas quando iria acontecer”, disse Walter Neves, antropólogo conhecido como “pai da Luzia”, por ter descrito o fóssil que é considerado o fóssil humano mais antigo das Américas, com 11 mil anos – item do acervo do local.
“O museu estava jogado apodrecendo, incluindo a parte elétrica”, criticou Neves, professor aposentado da Universidade de São Paulo (USP), ainda abalado com a notícia. O incêndio, diz, “é uma consequência direta do descaso do poder público.” O pesquisador criticou ainda o destino dos recursos. “Gastaram milhões para construir um museu do futuro (Museu do Amanhã), enquanto um museu centenário, que guarda a história do Brasil, ficou largado às traças.” 
Segundo relatos de pesquisadores e funcionários da instituição, os problemas se acumulam há vários anos. Frequentadora do prédio histórico há 21 anos, como estudante, pesquisadora e professora, a antropóloga Adriana Facina disse que desde que lá chegou os funcionários relatam a falta da manutenção que a construção merece. “É um descaso total com a pesquisa, o conhecimento e a cultura. É muito triste ver o prédio em chamas”, disse ao Estado aos prantos, ao ver as imagens do incêndio.
Entre os dezenas de funcionários que acompanharam o incêndio, o clima era de desespero. “Minha vida toda estava aí dentro”, disse o bibliotecário Edson Vargas, de 61 anos, que trabalha há 43 anos na instituição.
Presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), ligado ao Ministério da Cultura, Kátia Bogéa resumiu em uma frase o incêndio que consumiu o Museu Nacional: "Uma morte anunciada". E sem conseguir esconder a tristeza, sentenciou: "Patrimônio não tem como reconstruir. Acabou, acabou."
Ela disse que se o Museu Nacional já tivesse feito a obra de restauração pleiteada, que foi aprovada há três meses pelo BNDES, isso não teria acontecido. "Ia ter todo um sistema de prevenção e combate a incêndio, diminuiria em muito a destruição”, afirmou. 
“Não tem investimento nessas áreas”, reclamou. “É o acervo de memória do País inteiro, mas não tem recursos.” O Iphan, segundo ela, tem discutido com os grupamentos do Corpo de Bombeiros de cada Estado a aprovação de um protocolo para orientar a atuação nos prédios históricos e acervos. "A gente perdeu nossa memória, nossa história", continuou a presidente. "A gente não vai ter mais Luzia. Luzia morreu no incêndio."
Segundo o zoólogo e paleontólogo Hussam Zaher, que foi aluno do museu nos anos 1980, houve um incêndio na ala de herpetologia que só não se espalhou para a instituição inteira porque era um ambiente fechado. “Foi uma tragédia anunciada”, lamentou ele, que também viu de perto o incêndio que destruiu quase toda a coleção de cobras do Instituto Butantã, em São Paulo.
“É a ciência brasileira indo embora”, resumiu o físico e historiador da ciência Ildeu Moreira, presidente da Sociedade Brasileira pelo Progresso da Ciência. “A possibilidade de acontecer desastres como esse aumenta a cada dia. O patrimônio brasileiro está sendo destruído todos os dias pelo descaso.”

Para o presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), o físico Luiz Davidovich, professor da UFRJ, foi um "golpe duro na ciência nacional". Segundo ele, é um desastre irrecuperável, com repercussão internacional. "É uma consequência do descaso das autoridades com a ciência, que afeta agora não apenas o futuro, mas a memória do País."
Lembre outros incêndios em museus
Ele lembrou que o museu vinha lutando há tempos para se recuperar dos cortes orçamentários. "É mais um capítulo da triste história do desmonte da ciência brasileira.”
Emergência
No Rio, outros museus com acervos importantes correm risco. O Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) tem adotado providências para reformar ou restaurar prédios antigos que abrigam coleções históricas. Um exemplo é o Museu Nacional de Belas Artes, que recebeu impermeabilização em sua cobertura e torre de arrefecimento. O Museu da República teve igualmente obras emergenciais realizadas, sendo recuperada sua varanda e restaurada sua claraboia.
O Palácio Rio Negro, em Petrópolis, também passou por escoramento emergencial de sua varanda. Já o Museu Imperial, na mesma cidade da região serrana fluminense, passou por obras emergenciais no telhado de sua biblioteca. 
fonte: https://www.opopular.com.br/editorias/cidades/destrui%C3%A7%C3%A3o-de-museu-era-trag%C3%A9dia-anunciada-dizem-pesquisadores-1.1608838
Publicado em 03/09/2018

quarta-feira, 11 de julho de 2018

Aventura em caverna é hobby para corajosos que têm mais de 700 opções em Goiás

Mistura de emoção, com aventura e gosto pelo perigo. Quem tem o hábito de mergulhar em caverna sabe bem os riscos que os profissionais do resgate dos 12 garotos tailandeses integrantes de um time de futebol e seu técnico passaram para trazer de volta o grupo depois de 17 dias presos. A operação de salvamento durou três dias e teve um desfecho feliz ontem com todos resgatados com vida .

Mergulhar de maneira geral é arriscado e em caverna a prática é ainda mais perigosa por uma série de fatores, como o risco de desabamento, perda da visibilidade e falta de oxigênio. Em Goiás, os adeptos têm muitas opções, como o Buraco do Inferno, perto de Padre Bernardo, no Entorno de Brasília, o Parque Estadual de Terra Ronca, em São Domingos, e a Caverna Poção de Niquelândia.
Porém, para mergulhar numa caverna com segurança são necessários diversos cuidados. É preciso fazer um curso específico que dura cerca de um ano – em Goiânia não há nenhuma escola do gênero -, utilizar equipamentos apropriados e nunca explorar o ambiente sozinho. “É uma mistura de beleza com perigo. Mesmo que você tenha 200 mergulhos no mar não está apto para a prática”, diz o mergulhador e instrutor Eduardo Teixeira de Macedo, de 45 anos.
Eduardo Macedo, que mora em Brasília e fez o curso nos Estados Unidos, mergulha em cavernas há mais de 20 anos e explorou mais de 50 lugares pelo mundo, vários deles no Brasil. Em Goiás, ao lado de um grupo de mergulhadores, ele conseguiu chegar ao recorde 185 metros de profundidade no Buraco do Inferno, que é considerado um dos mergulhos mais desafiadores do País – duas pessoas morreram na travessia em 1992 - e onde nunca ninguém chegou ao fundo.
O profissional conta que entre os mergulhadores menos de 1% no mundo está apto a praticar a modalidade em cavernas. Um dos motivos é que ele é dez vezes mais perigoso que um mergulho convencional. Quem se aventura pelas passagens subterrâneas vai mais pelo desafio pessoal e principalmente pelo desejo de explorar um lugar que nunca nenhum homem foi antes, o que eles chamam de “síndrome de Star Trek”.
Apesar da experiência, Eduardo afirma que já viveu apuros durante mergulho em caverna. “Em uma dessas explorações me perdi da pessoa que fazia dupla comigo. Ao passar o cabo por um conduto novo começou a cair muito sedimento sobre a gente e isso fez com que a visibilidade fosse a zero. Começamos a bater a cabeça nas paredes e o meu colega entrou em desespero e retornou por onde tínhamos entrado”, lembra.
“Quando percebi que continuar seria impossível, vi que ele não estava mais no cabo perto de mim. Fiquei pensando: será que ele saiu ou soltou a mão e está perdido neste sedimento. Fiquei muito assustado em pensar que ele poderia estar numa situação de risco e que neste caso algumas vezes a pessoa morre, por não achar a saída a tempo do ar não acabar. Mas no final deu tudo certo”, completa. Para ele, o caso na Tailândia foi bem-sucedido porque reuniu os maiores profissionais do mundo. Todo aparato de resgate envolveu 90 profissionais: 40 tailandeses e 50 de outras nacionalidades. “Tudo foi muito bem conduzido”, destaca.
fonte:https://www.opopular.com.br/editorias/magazine/aventura-em-caverna-%C3%A9-hobby-para-corajosos-que-t%C3%AAm-mais-de-700-op%C3%A7%C3%B5es-em-goi%C3%A1s-1.1570422 publicado em 10/07/2018